NAVEGANDO NO INCONSCIENTE

Temos dentro de nós um oceano tempestuoso! Mesmo que tentemos aparentar serenidade absoluta, nossa mente desconhece a calmaria. O inconsciente se assemelha a um abismo profundo, um buraco negro onde facilmente nos perdemos. Não se trata apenas de um local inacessível à razão, mas sim de um reino intangível onde guardamos nossas emoções, memórias reprimidas, intuições e sensações mais íntimas.

 

É imperativo reconhecer que o inconsciente possui autonomia sobre nós, estabelecendo uma comunicação constante com nossa consciência por meio de sonhos, atos falhos e outros meios peculiares.

Nesse cenário caótico, uma batalha titânica se desenrola pelo domínio de nossa identidade, muitas vezes sem que sequer nos demos conta disso.


O ser humano é composto por uma trindade interna: o Id, o Ego e o Superego.

 

O Id representa nosso lado selvagem, aquele que celebra a exaltação de Baco, onde a regra é “faça o que tu queres, pois tudo é permitido”. Ele é a voz estridente do inconsciente, clamando por expressão.

O Ego é o ponto de equilíbrio, o troféu cobiçado pelas forças antagônicas que lutam por seu domínio. Ele busca conciliar nossos desejos com as demandas da realidade.

O Superego, por sua vez, é o ser divino que, movido por princípios morais e dogmas, busca nos privar de emoções e ações consideradas tóxicas. Para ele, que já alcançou a luz, essa é a purificação necessária. Autodenomina-se a própria Lei.

Essas criaturas vagueiam pelo território do inconsciente, o verdadeiro deserto da realidade, onde encontramos o objeto essencial para a existência da Psicanálise e o conhecimento de nós mesmos.

Como dizia o poeta, “Navegar é preciso”, e mergulhar nas profundezas do inconsciente é uma jornada ousada que nos permite desvendar os segredos da nossa identidade em relação ao mundo que nos rodeia. A verdade sobre quem realmente somos pode ser um enigma insolúvel, mas a filosofia nos convida a explorar essa questão com ousadia. “Conhece-te a ti mesmo”, como proclamou Sócrates, é um convite para uma busca constante, um chamado para abraçar a sabedoria, evitar a estagnação e expandir nossos horizontes. Através desse movimento audaz, nos surpreendemos com as maravilhas ocultas dentro de nós.

Carlos Conrado