É imperativo reconhecer que o inconsciente possui autonomia sobre nós, estabelecendo uma comunicação constante com nossa consciência por meio de sonhos, atos falhos e outros meios peculiares.
Nesse cenário caótico, uma batalha titânica se desenrola pelo domínio de nossa identidade, muitas vezes sem que sequer nos demos conta disso.
O Id representa nosso lado selvagem, aquele que celebra a exaltação de Baco, onde a regra é “faça o que tu queres, pois tudo é permitido”. Ele é a voz estridente do inconsciente, clamando por expressão.
O Ego é o ponto de equilíbrio, o troféu cobiçado pelas forças antagônicas que lutam por seu domínio. Ele busca conciliar nossos desejos com as demandas da realidade.
O Superego, por sua vez, é o ser divino que, movido por princípios morais e dogmas, busca nos privar de emoções e ações consideradas tóxicas. Para ele, que já alcançou a luz, essa é a purificação necessária. Autodenomina-se a própria Lei.
Essas criaturas vagueiam pelo território do inconsciente, o verdadeiro deserto da realidade, onde encontramos o objeto essencial para a existência da Psicanálise e o conhecimento de nós mesmos.
Como dizia o poeta, “Navegar é preciso”, e mergulhar nas profundezas do inconsciente é uma jornada ousada que nos permite desvendar os segredos da nossa identidade em relação ao mundo que nos rodeia. A verdade sobre quem realmente somos pode ser um enigma insolúvel, mas a filosofia nos convida a explorar essa questão com ousadia. “Conhece-te a ti mesmo”, como proclamou Sócrates, é um convite para uma busca constante, um chamado para abraçar a sabedoria, evitar a estagnação e expandir nossos horizontes. Através desse movimento audaz, nos surpreendemos com as maravilhas ocultas dentro de nós.
Carlos Conrado